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Solar da Matutina


SOLAR DA MATUTINA
A casa que pertenceu a Quincas Cunha e sua esposa Maria Matutina faz par com o casarão dos Gouveia como os únicos sobrados oitocentistas da Granja, ela também faz dupla com a Casa de Cultura como os casarões do coronel Zeferino Gil Peres da Mota, mas é arquitetonicamente singular quando se trata do último exemplar com oitão enobrecido da cidade, característica que faz o transeunte se surpreender quando de uma fachada térrea, vista da rua Pessoa Anta, encontra, ao dobrar a esquina, um rebuscado frontão com duas janelas balcão levitando em um segundo piso.

De estilo neoclássico, ela destoa um pouco de outras casas típicas “de canto de rua” e urbanas do século XIX da cidade, enquanto essas casas foram construídas com telhados de três ou mais águas, para receber a platibanda nas laterais, a casa da Matutina e algumas de Icó, Aracati, Sobral mantiveram o telhado de duas águas, apenas enobrecendo o oitão; característica que o Cel. Zeferino não repetiu na sua construção vizinha (hoje Casa de Cultura), também de esquina, que recebeu um telhado de três águas contornado por platibanda. Analisando essas fachadas, percebemos a riqueza desse par de casas, juntas formam um conjunto que conta não só a transformação do status político-econômico do Cel. Zeferino e da Granja, como também peculiaridades da história arquitetônica cearense.

As duas casas possuem elementos idênticos, os cunhais (ligação das paredes que faz a esquina) e os motivos fitomórficos na platibanda, a fachada da Casa de Cultura é o espelho do Solar da Matutina, compostas as duas por três janelas e uma porta, todas com frisos e arcos ogivais. Mas além do telhado, a altura entre as duas construções denuncia a diferença de estilo e período de construção, a Casa de Cultura foi edificada sobre alto baldrame, fugindo do nível da rua, talvez por questões sanitárias. É um estudo de História e Arquitetura a observação dessas particularidades e semelhanças.
Mas enquanto o casarão teve um destino digno, o solar da Matutina foi desocupado agora em 2018 para um futuro incerto, depois de representar a transição do Cel. Zeferino e da própria Granja, ser a morada de Joaquim Pereira de Oliveira Junior (Quincas Cunha), herdeiro da “Joaquim Pereira de Oliveira & Filhos”, uma das firmas responsável pelo boom econômico da cidade no começo do século XX, a casa agora carece de um olhar sensível a sua importância dentro do conjunto patrimonial, tanto tempo habitando a sombra de sua irmã, é preciso ressignificá-la e, mais que urgente, salvá-la!

Por:
Ed. Passos

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