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Granja, velha senhora.

A imagem pode conter: atividades ao ar livre e água

Meus amigos de Granja, eu tava um dia lembrando do tempo que vivi aí, e tava fazendo um exercício de memória para lembrar lugares e pessoas, e comecei a escrever uns versos. 

Os versos que faço me levam à reflexão. Saí daí há 37 anos. Coloquem nos comentários, por favor, coisas e pessoas que deixei de fora. Recordar é viver.

Granja, velha senhora.
Por Paulo Farias

Granja, velha senhora, Pioneira do meu Ceará,
Eu de ti fui embora, e fico agora a recordar,
Os dias que aí passei chegando ainda menino,
De ti eu me apartei em busca do meu destino.

Todo dia o trem eu via, deslizando pela linha,
Se de manhã ele ia, de tardezinha ele vinha,
O tempo era bom, violência ninguém via,
Menino vivia solto, e assim passava o dia.

Chega o tempo de estudar, acabou-se a moleza,
Crescer através do estudo era a única certeza,
Aprender ler e escrever, ser aluno de mão cheia,
Matriculado eu fui, no Grupo Guilherme Gouveia.

Lembro de D. Maria Nilda, minha primeira mestra,
Ali começava a escrever a história que ainda me resta,
Depois vieram as outras, perfurando que nem broca,
A diretora era ninguém menos que a temida Maroca.

Granja, velha senhora, banhada pelo Rio Coreaú,
Quando a barragem secava, tinha a maré e o pucú,
Pular da tua ponte, quando ainda passava o trem,
Era pura adrenalina, a melhor sensação que tem.

Depois do grupo, o colégio, agora sem mais delonga,
Podia enfim usar o ki chute, e deixar de lado o conga,
Lembro dos meus professores e dos colegas de estudo,
O tempo passa muito ligeiro, de repente muda tudo.

Lembro do Seu Tiago, que até pra foice tinha bainha,
Quando queria comprar bila, ia ao Vicente Terezinha,
Para ir até Camocim tinha a Rural do Vicente Pita,
E a empresa de ônibus Horizonte, pra ir até a capita.

As moças rodeavam até cansar em volta da praça,
Olhadas pelos rapazes, que riam meio sem graça,
Dali rolava a paquera, para depois sair o namoro,
Tudo com muito respeito, tudo com muito decoro.

As coisas eram difíceis, e em tempo de roupa cara,
Comprava tecido barato no Armazém Guanabara.
E o que dizer do Cine Órion, lugar de ver o Shaolin?
Era kung fu do bom, boas recordações para mim.

Assistir tv na televisão pública, coisa de provinciano,
E tomar um refresco com pão lá no bar do Fabiano.
O caminho que levava para o rio era a linha do trem,
Ah, Granja querida, quem te conhece te quer bem.

Eu era muito menino, e pra menino era uma ilicitude,
Mas alguém deve se lembrar da Casa da Juventude,
Onde os jovens se reuniam pra afazer um arrasta-pé,
É, minha querida e velha Granja, a vida é como ela é.

O tempo passou ligeiro, e recordo com dificuldade,
Sei que o porteiro do colégio se chamava Faculdade,
Era muita gente boa, não dá pra lembrar de todos,
Não digo da boca pra fora, não gosto de engodos.

Ainda tenho alguns amigos que não largam de ti não,
Tem o Francisco Pereira, Rita Freitas, e Ana Paixão,
Os outros a vida e tempo se encarregaram de afastar,
Mas os tenho na memória e espero um dia encontrar.

Hoje está tudo mudado, agora já sou um estranho,
A vida passa como a água que escorre no banho,
Ficam apenas as lembranças, e no peito a saudade,
Do tempo todo que em ti vivi, tempo de felicidade.

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