Sr. Antônio José Balica |
Uma profissão milenar está praticamente
desaparecendo do cenário brasileiro: a de ferreiro. Muito requisitado por reis,
fazendeiros, carpinteiros, cavaleiros, agricultores, pedreiros e outros
profissionais, o ferreiro forjava, em sua tenda, inúmeros artefatos de metal.
Na Granja, havia vários ferreiros, que
enchiam as nossas manhãs com suas batidas metálicas, que às vezes competiam com
os repiques dos sinos da Matriz. Hoje a profissão está praticamente esquecida,
devido à evolução da tecnologia que oferece tudo já pronto nas lojas.
Fomos conversar com um remanescente
dessa profissão aqui na Granja, o Sr.
Antônio José Balica, de 72 anos.
Veja alguns trechos da entrevista que
ele concedeu ao aluno Wesley, do CEJA.
CEJA–
Com que idade o Sr. começou a trabalhar
na profissão de ferreiro?
Antônio
José – De ferreiro, com oito anos de idade. Eu
comecei a puxar a ventoinha, a manual, pra poder esquentar o ferro. Já começava a ajudar o papai, eu puxando e
ele batendo. Aí eu fui subindo. Hoje eu tô com 72 anos de idade e continuando
ainda. Mas misturando, eu não trabalhava só de roçado, não.
CEJA–
Então o senhor não consegue sobreviver só dessa profissão?
Antônio
José – Bom, é uma grande ajuda. Porque se você for
querer viver só olhando pro tempo, não tem lugar nenhum que preste pra se
viver. E aqui não, você trabalhando em qualquer outra coisa vai ajudar a vida
da gente.
CEJA–
Quais os serviços que as pessoas mais procuram fazer aqui?
Antônio José– O mais procurado é bater
ferro, porque tá se acabando, não tem mais, ninguém bate mais ferro, né, e o
serviço é muito pesado. É bater alavanca, ponta de talhadeira, é fazer navalha
de máquina de bater palha... Tudo isso
pertence ao ferreiro.
CEJA–
Por que o Sr. acha que essa profissão está desaparecendo?
Antônio
José – É porque é uma profissão muito pesada e
perigosa e hoje não tem mais quem queira trabalhar. Trabalhar é um pouco
pesado. Principalmente você trabalhar com fogo. Todo serviço é perigoso, mas
com esse daí ninguém quer mais trabalhar.
O seu Antônio José também comentou que a tecnologia hoje oferece máquinas
e ferramentas que dispensam o uso do fogo. Até nos apresentou algumas em sua
tenda que trabalham o ferro a frio, dispensando assim o uso da forja e o
tradicional trabalho do ferreiro.
Fonte:
Matéria do Jornal Um Novo Amanhecer
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