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PADRE GALVÃO

MESTIÇO, FILHO DE ESCRAVA: PADRE GALVÃO, O PÁROCO QUE MAIS TEMPO SERVIU GRANJA
No dia da Consciência Negra é preciso fortalecer o nosso sentimento antirracista, a História tem uma papel importante nessa tarefa.

Em meados do século XIX, veio se estabelecer na Granja o pároco Antonio Thomaz Teixeira Galvão, homem que os granjenses ignoravam o passado, sabendo apenas ser ele do Sertão do Seridó, onde o sobrenome Galvão era sinônimo de riqueza e bem-nascido (são oriundos dos Galvão dessa região: Deodoro da Fonseca e Hermes da Fonseca). No entanto, o padre tinha em seu fenótipo a denúncia de sua origem, ele era mestiço, característica fartamente explorada por seus inimigos nas ruas da cidade e na imprensa, nos jornais era chamado de "padre negro" (como bem lembrou o pesquisador Francisco das Chagas Gonçalves). Com uma personalidade política combativa, o pároco esteve envolvido em diversos episódios que o levaram a colecionar inimigos, como a família Andrade, líder da ala Liberal. Controverso, padre Galvão era do partido conservador, mas na surdina, pipocavam notícias suas colaborando com fugas de escravos, pelo menos 2 fugitivos procuraram sua proteção, seu tio Phillipe e sua mãe, a escrava Bertholesa (ou Joanna, dependendo da fonte). 

Vivia seu inferno pessoal, adequar-se a uma sociedade que não aceitava sua gente. Apesar de tudo, conseguiu êxito dentro daquela sociedade racista, tinha grande influência entre seus paroquianos; viu a vila se transformar em cidade, viu a Abolição, o fim do Império, a chegada do trem; demonstrou seu poder de dentro do seu casarão, com 6 portas balcão em frente ao novo Mercado Público, construído estrategicamente pela Comissão que ele participava; foi o padre que mais tempo esteve a frente da paróquia de Granja, 47 anos, até o dia de sua morte, quando foi enterrado na Capela de Santo Antonio, nicho religioso que ele transformou em igreja. Seus traços eram "finos", "de branco", provavelmente herdados do pai, sobre este, não sabemos nada, talvez seja o "dono" de sua mãe, daí o sobrenome, já que se chamava Gonçalo Lopes GALVÃO.


Foto: arquivo Antonio Edson O. Rocha, álbum de Antônio de Barros Dias.
Fonte. memoria.bn.br

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