Lendas sobre o Rio Coreaú

A LENDA DA PIRIQUARA

Piriquara é um dos pontos turísticos do Rio Coreaú.

Situada a mais ou menos três quilômetros da sede do município de Granja, hoje é muito apreciada pelos banhistas que para lá se dirigem em busca de lazer e para apreciar a beleza da paisagem das matas ciliares, as águas limpas e profundas que formam o referido poço no nosso rio.

Em épocas passadas, quando a Piriquara ainda era quase inexplorada em virtude do difícil acesso, contavam-se histórias misteriosas acerca daquelas águas. Uma das mais faladas e comentadas por todos era a Lenda da Mãe D'água.

Segundo alguns pescadores que aqui viveram no final do século XIX e início do século XX, como é o caso do pescador Inácio Pereira Miranda que viveu entre os anos de 1850 a 1930, seu filho Abel Pereira, de 1870 a 1950, e outros mais recentes, como é o caso do Senhor Joaquim Damião.

Muitos afirmavam que ele tinha um pacto com a Mãe D'água, pois era o único pescador que todos os dias pescava os melhores peixes e em maior quantidade, enquanto que os outros mal pescavam um almoço “raso”.

Essas pessoas afirmavam que, em noite de lua cheia, aparecia uma jovem muito bonita, de longos cabelos verdes e brilhantes que se refletiam na luz da lua, sentada em uma pequena rocha à porta de sua gruta subaquática, a mirar-se em um pequeno espelho de cabo longo e a pentear seus lindos cabelos, cantarolando sempre uma estranha canção que, de acordo com a lenda, quem a ouvisse ficaria encantado.

Por esse motivo, todos os pescadores pescavam de ouvidos tampados com chumaço de algodão. Diziam que nessa noite ninguém pescava nada, com exceção do senhor Joaquim Damião.

Essa lenda atravessou os séculos, passando de boca em boca, de geração em geração. Somente a partir dos anos 70 é que se deixou de falar na lenda da Piriquara, até mesmo porque o poço não tem mais a profundidade que tinha antigamente.

Nesse período do ano, um dos lugares mais gostosos para um banho com a família, amigos e, é claro, com namorado ou namorada, é no Piriquara. Fica a poucos minutos da cidade, subindo o leito do rio Coreaú, paisagem típica da caatinga com a presença de cajueiros e uma enorme rocha batizada pelos granjenses de Pedra da Piriquara, é o destaque.

E é debaixo da Pedra da Piriquara, segundo a lenda, onde existe um porão e mora a mãe d’água, que em noite de lua amarela, ou seja, lua cheia, sobe na pedra e se põe a cantar. Seu canto seria capaz de deixar de queixo caído. Por ser local de morada da mãe d’água, o poço em torno da Pedra nunca secou, nem mesmo com as grandes secas que antecederam nossos dias digitais.

Padre Vicente Martins, em Noticia Historico-Chorographica da Comarca de Granja, 1911, escreveu o seguinte:

“A furna do Periquara no rio Coreahú, que para penetrar-se nella é preciso mergulhar e uma vez dentro encontra-se luz e respira-se com facilidade.”

Paula, locutora da FM Verdade, contou ao nosso blogue que, quando criança, ouvira muito de sua vizinha Dona Albanita a história de um rapaz que ouvira o canto da mãe d’água e consequentemente se apaixonara. Tudo teria começado no dia em que o dito rapaz foi pescar na Piriquara, certas horas, sem fisgar peixe algum, ouvira o canto da mãe d’água, que o levou para dentro do porão.

O que fizeram lá, ninguém viu! Depois o devolveu para a terra firme com muitos peixes. E toda noite de lua cheia o rapaz ia pescar e namorar na Piriquara com Mãe d’Água. Êta coisa boa!

Outra história popular não menos famosa é das letras na pedra. Segundo a história, contada por muitos moradores velhos e novos, existem inscrições de origem indígena na Pedra da Piriquara e quem for capaz de traduzi-las ficará rico com o ouro guardado pelos índios no porão da pedra.

Verdade ou pura lenda, não poderei responder agora. O certo é que o banho nas águas da

Piriquara no rio Coreaú, principalmente nos últimos meses do ano, é uma maravilha que o granjense precisa tratar com carinho e harmonia. Pois assim estaremos prolongando a vida da mãe d’água, figura que não poderá morrer no imaginário de nosso povo, pois é componente indissociável da nossa identidade coletiva.

Ser granjense é, também, zelar por nossas lendas, pois são canais de comunicação com nossos antepassados. Hoje temos blogs, orkut... antes, roda de conversas nos terreiros!


Agradecimentos.


À Paula, locutora da FM Verdade, por ter narrado uma história que ouvira de sua vizinha D. Albanita.


O GEMIDO DO RIO

Conta o povo mais velho que o Rio Coreaú, em épocas de cheia, costuma soltar certos gemidos, anunciando tristemente os afogamentos que vão ocorrer no período. Tantas vezes ele solta os gemidos quantos serão os afogamentos que vão ocorrer.

Certo dia, uma pessoa que não acreditava em tal história estava apreciando o deslizar das águas torrenciais do Rio Coreaú, quando de súbito ouviu um certo barulho vindo de seu leito que se assemelhava a um gemido um tanto horripilante, o que fê-lo acreditar na crendice popular dos “gemidos do rio”.

Concluiu de imediato que o rio estava anunciando um próximo afogamento, fato que veio a ocorrer no período carnavalesco do ano de 1996, cuja vítima foi um sobrinho seu.

Até hoje, o rio continua a gemer, alertando os banhistas para que tomem cuidado para não se aventurarem em suas águas correntes.

LENDA DA SOLHA (MELUSA)

Os pescadores contam que Nossa Senhora, querendo atravessar a Maré, perguntou a um peixe que ali estava:

Solha, a maré enche ou vaza?

E ela, ao invés de responder, arremedou-a, ficando de boca torta para sempre como castigo de sua malcriação.

O Siri, presenciando toda essa cena, ofereceu-se para atravessar Nossa Senhora sobre seu casco e, como recompensa, ficou com Sua imagem gravada em suas costas.

Essa e outras histórias são contadas por pescadores que vivenciam o dia a dia de nossa gente no Rio Coreaú.

Acredite se quiser...

Autor desconhecido.

Postar um comentário

0 Comentários