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Foto colorida com IA por: Marcos Fonseca |
Mestre José Vieira Neto - O MÚSICO
Nascido em Granja – CE, em 13 de dezembro de 1899, JOSÉ VIEIRA NETO, mais conhecido por “Zé Vieira”, foi ourives e músico, arte esta a qual se dedicou durante toda sua existência. Sua escassa condição financeira o impediu de prosseguir os estudos e desenvolver, assim, sua aptidão para as letras, pois era dotado de aprimorada inteligência e cultivava o hábito da boa leitura, razão pela qual portava conhecimentos vastos.
Passou a sua infância, mocidade e parte da vida adulta em sua terra natal, onde dedicou-se à arte que ele tanto amava, preparando jovens cujos valores se destacaram mais tarde. Estudou, exercitou-se e aperfeiçoou-se com seus próprios esforços.
Regeu com esmerado desempenho a “Banda do Mestre José Vieira”, como era conhecido a banda que ele dirigia, constituída de músicos de reconhecido valor; ela animava as tardes da Granja, tocando os mais diversos gêneros musicais nas retretas realizadas no coreto, na praça da Igreja Matriz.
Participava, também, das festas religiosas antes e depois das celebrações, executando dobrados famosos, marchas inolvidáveis; apresentava-se nas festas dançantes, nas competições esportivas, nos aniversários, partidas de futebol.
Nos cortejos fúnebres de crianças e adultos, soleava melancólicas valsas e marchas fúnebres que tocavam profundamente a alma; nas alvoradas, proporcionava prazer e deleite a quem a escutava; atendia chamado para outras cidades circunvizinhas e, também, para lugares interioranos.
O maestro professor músico Zé Vieira era proveniente de uma família que admirava as artes e a cultura e, portanto, amante da poesia, das letras, da dramatologia e, sobretudo, da música.
Era tão arraigada em sua alma a arte da música, quanto o próprio sangue em seu organismo, tendência que despontou logo na infância. Contava ele que, nas suas brincadeiras de criança, da cabeça de um peixe “cangati”, produzia “lira”, o símbolo da sua paixão.
Prestou, Zé Vieira, relevantes serviços à comunidade, tanto como professor de música no Colégio Estadual São José, da Granja, cargo que exerceu ao longo de vários anos, como maestro, ensinando a juventude granjense a mais bela das artes, a música. Muitos são os músicos atuais de nossa terra que foram seus discípulos e outros do passado que se destacaram lá fora.
Apesar de tocar vários instrumentos, o saxofone e o clarinete eram os seus preferidos; regia bandas e orquestras; lecionava música; também escreveu várias composições musicais; demonstrou, assim, características de um bom artista no encantador mundo da música, tornando-se alvo de elogios e apreciações, razão pela qual foi ele designado de “o grande maestro cearense”, através da Rádio Alemanha.
Aos 03 de novembro de 1924, contraiu núpcias com a prendada e virtuosa jovem Maria Luiza Barros, que foi para José Vieira esposa dedicada e participante das suas conquistas, pois com a afinidade que tinha com o marido, comungava com ele das suas tendências, acompanhando-o nas festas religiosas como cantora principal (às vezes única) do Coral da Igreja, e incentivando-o na difícil tarefa de fazer soar as notas musicais, procurando entendê-lo e ajudá-lo, formando uma família de luta e sacrifício ao lado da filha Cléri, a quem muito amavam.
Não só em Granja foi regente de bandas e orquestras, mas na vizinha cidade de Camocim, dirigiu por longos anos a Banda Municipal, a Orquestra e, através de seus ensinamentos, fez desabrochar vários talentos musicais.
Aceitando um convite para Crateús, lá regeu por algum tempo a Banda do 4º Batalhão de Engenharia e Construção, deixando, também, nessa terra, seu rastro de artista e amante da música. Daí seguiu para Fortaleza, sempre na busca de um campo mais fértil para o cultivo de sua arte, passando na bela capital cearense, outra temporada.
A VOLTA
No Colégio Estadual São José, da Granja, vaga a Cadeira de Canto Orfeônico e recebe Zé Vieira um convite para ocupá-la. Aceita. E volta para sua terra, em 1964, onde fixou residência, retornando novamente às antigas atividades no seu berço natal: ensinar com prazer e entusiasmo a harmonia das notas musicais.
Foi curto o prazer do regresso, pois a doença o abateu e as forças foram diminuindo, no entanto, continuava sendo a música a razão do seu viver, pois já doente concluiu o “Dobrado Capitão Jander”, sua última composição dedicada ao Coronel do Exército Brasileiro Francisco Jander de Oliveira, parente a quem dedicava amizade e admiração.
Em companhia da filha Cléri, com quem morava, pois já tinha perdido a estimada esposa, Maria Luiza, cercado dos cuidados e assistência devidos, veio a falecer em sua terra, Granja, em 24 de dezembro de 1972, aos 73 anos de idade, na noite em que comemorava mais um natalício do Deus-Menino, Natal.
Zé Vieira, o músico, o regente, o amante da arte dos sons, não assou simplesmente e nem a reminiscência esquece: reconhecido pelo seu talento musical, os granjenses memorizam, ainda, a sua aptidão artística, através de apresentações e demonstrações de artes, e, dando o seu nome a uma rua da cidade e ao Coral de um estabelecimento de ensino de reconhecido valor educacional, a Escola de 1º Grau Guilherme Gouveia.
O Colégio Estadual São José, também em memória à passagem do Maestro José Vieira como professor dessa conceituada Entidade Educacional, destacou-o dando o nome ao seu coral de “Coral Maestro José Vieira”.
Texto e foto: Acervo de Dona Francisca Clery Vieira Magalhães.
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