Pesquisar

Marina Beviláqua em Prosa e Versos

The Times

The Times

The Times

Sentou-se bêbado à mesa e escreveu um fundo 
Do Times, claro, o inclassificável lido,
Supondo (coitado!) que ia ter influência no mundo...
Santo Deus!... E talvez a tenha tido!

Autor: Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa


-------------------------------

Na minha terra,

Na minha terra

Na minha terra,
As estradas são tortuosas e tristes
Como o destino de seu povo errante.
Viajor,
Se ardes em sede,
Se acaso a noite te alcançou,
Bate sem susto no primeiro pouso:
-Terás água fresca para tua sede
- Rede cheirosa e branca para o teu sono.

Na minha terra,
O cangaceiro é leal e valente:
Jura que vai matar e mata.
Jura que morre por alguém e morre.
(Brasil, onde mais energia:
Na água que tem um só destino,
do seu Salto das Sete Quedas
ou na vida, que tem mil destinos,
do seu jagunço aventureiro e nômade?)

Ah, eu sou da terra do seringueiro,
-o intruso
que foi surpreender a puberdade da Amazônia.
Eu sou da terra onde o homem,
Seminu,
Planta de sol a sol o algodão para vestir o Brasil.
Eu nasci nos tabuleiros mansos de Quixadá
E fui crescer nos canaviais do Cariri,
Entre caboclos belicosos e ágeis.

Filho da gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos,
Eu sou o índice de meu povo:
Se o homem é bom -eu o respeito.
Se gosta de mim -morro por ele.
Se, porque é forte, entendesse de humilhar-me,
-ai, sertão!
-Eu viveria o teu drama selvagem,
-Ou te acordaria ao tropel de meu cavalo errante,
-como antes te acordava ao choro da viola.

Autor: Valter Rocha de Andrade
Em O mundo que eu vi, blog.

-------------------------------

Casa de taipa no sertão

Pretendo que a poesia tenha a virtude de,
acender uma luz qualquer, uma luz que não nos é dada,
não desce dos céus,
mas que nasce das mãos e do espírito dos homens.

em meio ao sofrimento e o desamparo,

Autor: Ferreira Gullar

-------------------------------

O guardador de rebanhos.

O guardador de rebanhos

"Olá guardador de rebanhos,
Aí a beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?
Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que diz?
Muita coisa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras coisas.
De memórias e de saudades
E de coisas que nunca foram.
Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.

Poemas de Alberto Caeiro

-------------------------------




Postar um comentário

0 Comentários