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A Velha Rua 14

 

Rua 14 de julho
Imagem de: Marcos Fonseca

A Velha Rua 14

Por: Rita Freitas.

Nasci e me criei na Rua 14 de Julho. Ela, logicamente como todos os espaços geográficos, foi sendo modificada com o passar do tempo. Lembro de cada casa, de cada espaço, de cada morador que, ao longo dos anos, foi partindo; outros vieram, outras casas foram construídas ou reformadas.

Pelo lado direito de quem vem pela Pessoa Anta, iniciava-se pela casa do Senhor Manoel Ferreira, que tinha uma grande prole. A casa, na realidade, situava-se na Rua Juvenal Galeno, mas, como era na esquina com “nossa rua”, ficava assim, iniciando a 14. 

Depois de um espaço vazio, tinha-se uma casa que não sei a quem pertencia, mas lembro de um casal que morou lá: senhor Zé Carrim e dona Ademir; depois, seu Chico Pereira com dona Maria e filhos e, muito tempo depois, seu Zé Marçal comprou e trouxe a família do Parazinho para a cidade. 

Novo espaço vazio e vinha a casa da dona Estefânia, um grande espaço; depois vinha a casa da tia Alzira, logo depois a do seu Zé do Mudinho com dona Mundica e filhos. O pai do seu Zé, seu Mundinho, morava com eles. 

Logo após vinha uma grande casa que foi comprada pelo Senhor Chico Rodrigues do Lago Grande, que colocou seus filhos para morarem nela a fim de estudarem aqui em Granja.

Quando ficaram adultos e tomaram seus caminhos, a casa foi dividida ao meio e a filha mais velha casou e foi morar em uma delas. A outra parte ficaram ainda os filhos mais novos que ainda estudavam.

Ainda do mesmo lado, tínhamos a casa do Senhor Antônio Sardinha, que construiu ao lado uma espécie de casa de farinha, onde ele fazia as tapiocas. Como era bom aquele cheirinho de goma de madrugada, a labuta dele preparando-as e levando-as para o mercado em sua carroça. Ainda sinto o gosto do mexerico que a gente tomava com café.

Vinha então outra casa que foi comprada por seu Zé Benedito para os filhos morarem a fim de estudarem na Granja; depois vinha a casa da Fransquinha e Zé, apelidado Potinho, não sei por quê.

Finalmente temos o outro lado da rua, agora do lado esquerdo de quem vem da Pessoa Anta, o muro da escola que no nosso tempo chamava-se Guilherme Gouveia, um grande terreno onde existia uma tamarineira que abrigava em seus galhos a meninada da rua (menos nós lá de casa, que mamãe não permitia que subíssemos). 

Tempo depois foram construídas as casas da Dona Rosa e Zé do Padre e Major e Socorro. Desse mesmo lado, tínhamos 3 casas que pertenciam à igreja, foram construídas a fim de abrigar as viúvas pobres, chamam-nas de Vila São Vicente de Paula antes de batizar a rua como 14 de Julho. 

Na primeira, alternaram-se alguns moradores, até que vieram Seu Chico e Dona Lurdes, que ficaram sendo nossos vizinhos durante muitos anos. Na segunda casa morava nossa avó Rita e, na terceira, alternaram-se também os moradores. 

Depois vinha a nossa casa humilde e pequena, seguida pela de nossos avós paternos, Zé Courinho e Fransquinha, depois a do tio Cícero e tia Zoé, a da Mãe Doca e pronto. Acabavam-se os moradores.

Como brincamos, adentrando ainda a Rua São José e a Juvenal Galeno.  Ainda não tínhamos o entretenimento da televisão e, à noite, dominávamos a rua com nossas brincadeiras de roda, de bandeira, de esconde.  Muito bom. 

Aos poucos ela foi se modificando, nós crescemos, os interesses mudaram, mas cada morador trazia o carinho, o amor, o cuidado uns com os outros. De seus moradores antigos restam poucos, indo embora lentamente, de mansinho como quem sai de cena, deixando outros em seus lugares. 

Eu vim morar em outro bairro, em outra rua, mas meu coração sempre vai estar lá na minha eterna Rua 14.

Fonte: Facebook de Rita Freitas

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