INAUGURADA
EM 1759
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Quando os Jesuítas portugueses se fixaram na Ibiapaba, reconheceram ser necessário manter fazendas no sertão, pelo que escolheram as margens do Coreaú, onde obtiveram, em 1706, uma sesmaria, de duas léguas por uma de largura, área que ainda hoje é conhecida como Fazenda Missão, e faz parte do espólio do agricultor e pecuarista José Xavier. Um pouco mais distante da serra ficava a Fazenda Tiaia (com área de 38.000 hectares), que foi recuperada pelos padres após a expulsão dos jesuítas, vindo a ser vendida em 1926 ao comerciante e agro pecuarista Raimundo Oliveira, (homem bondoso que a custa do próprio trabalho, tornou-se um dos maiores comerciantes da zona norte do Ceará, conseguindo acumular grande fortuna), por D. José Tupinambá da Frota, Bispo de Sobral.
Foi no período, no decorrer da grande seca de 1877, que se fizeram grandes obras na Igreja Matriz de São José, como parte dos trabalhos criados para empregar os retirantes. Foi organizada uma comissão, nomeada em 14 de julho desse ano, com o Capitão Inácio de Almeida Fortuna, Dr. Joaquim Olímpio de Paiva e Francisco Luiz de Castro, tendo este sido substituído, após seu falecimento, por Francisco José Rodrigues de Albuquerque. Nessa ocasião foi começada a torre do lado norte, que não foi concluída.
A
MATRIZ E O JARDIM PROF. GARCEZ
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Em
1878, continuando a grande seca, conclui-se a primeira torre e foi feita a do
lado sul; no outro ano a comissão mandou abrir seis arcadas no corpo da igreja,
fazer os corredores, as tribunas soalhadas, as grades assoalho,
forrar o corpo da igreja, colocar vidraças nas janelas do coro, reformar a
fachada, por nela uma cruz de ferro, um relógio e fazer um patamar, dando tudo
por concluído no principio de 1880, quando terminou o terrível flagelo.
Segundo o Vigário Vicente Martins da
Costa, que muito escreveu sobre a Igreja Matriz e a história de Granja,
referiu-se, ainda, aos ornatos das capelas do Bom Jesus dos Passos e do
Santíssimo Sacramento, que foram
retocados durante a administração do Pe. Leandro Teixeira Pequeno (1897 a 1904), explicando que
não foram os jesuítas, mas um pintor vindo de
Pernambuco, em 1793, que os fez, contratado pela Irmandade do Bom Jesus, e o
trabalho só se deu por terminando dois anos depois.
Altar Mor |
A
Igreja Matriz de Granja tem o corpo com cerca de 8 por 24 metros, da
porta ao arco-mor; existem dois compartimentos à entrada, sob as torres, com o
batistério e o hall da escada, que sobe primeiro ao coro, estreito,
com piso de concreto, (Antes da reforma feita pelo Mons. Vitorino em
1954, o piso do coro era de madeira), simples
passagem de uma torre para a outra.
Ao lado da escada está uma placa da Prefeitura Municipal, homenageando Mons. José Maria pelas suas Bodas de Prata Sacerdotais, e agradecendo pelos serviços prestados à Granja, com data de 22.09.87. Na própria porta (desenhada em alvenaria - a entrada é pela outra face) dessa parte, existem referências à criação da paróquia, nomes dos vigários desde o Pe. Luiz Fernandes de Carvalho, português, e informações: construtor este, e restauradores – Mons. Vitorino de Oliveira (1954) e Mons. José Maria (1985).
Aqui, nessa entrada da igreja que não
pode ser chamada de pronau, já que é ocupada por bancadas, encontram-se dois
pedestais, com imagens de São Sebastião e São Francisco Xavier. Em seguida, nas
largas pilastras, vêem-se Santa Luzia, São Luiz de Gonzaga, São Tarcísio, São
Raimundo Nonato, Santa Inês e Nossa Senhora das Dores. Já na capela mor
encontram-se, mais, muito altos nas paredes, São José (segunda efígie), São
Diogo, São Francisco, Nossa Senhora do Rosário, Santa Judite e Nossa Senhora da
Assunção.
O que seriam naves laterais ou
corredores, de 3,5 metros,
servem apenas de entradas; aí estão os quadros da Via Sacra, de azulejos, de
1,20 por 2,50 metros,
sentados diretamente nas paredes, cada um indicando a família granjense que fez
a respectiva doação.
As expansões laterais, ou braços da
cruz, constituem-se em duas capelas, isoladas por baixas grades, de balaustres
de madeira torneada (São peças que sobraram do tempo das belas tribunas
e o venerável altar de madeira. Agora recentemente, no paroquiato do Pe.
Genival, as mesmas foram arrancadas e transportadas para um local ignorado), dos pseudo-corredores, da nave e dos compartimentos
seguintes, que são pequenas sacristias.
Essas capelas abrem-se para o corpo da
igreja por arcos redondos, elevados, com molduras caneladas e cornijas, iguais
aos outros dois, de cada lado, que comunicam com entradas laterais. Os altares
nas capelas são: do Santíssimo Sacramento, à esquerda de quem entra, com bonita
lâmpada, pendente do centro do teto, e uma pintura da Última ceia sobre o
tabernáculo e ara, sendo esta apoiada em colunelos róseos, de socos e capitéis
dourados, com vários degraus, candelabros e vasos de flores, tendo ainda, aos
lados, desenhos de motivos eucarísticos nas paredes, e anjos luzeiros, em
pedestais fixos.
No
lado direito, o altar é de Jesus Crucificado, tendo sobre a ara a imagem do Bom
Jesus dos Passos e de Nossa Senhora da Soledade (como é chamada aqui), vestidos
de pano. Encontram-se poucos jarros e castiçais, e as figuras desenhadas nas
paredes laterais são referentes à execução, encontrando-se efígies do Coração
de Jesus e de Nossa Senhora do Carmo nos lugares correspondentes aos dos anjos
do outro altar. No pequeno compartimento seguinte a esta capela encontram-se as
imagens de São José e Nossa Senhora do Livramento, esta com um cetro e coroa
prateada e o Menino Jesus de vestido de seda.
Na continuação deste corredor, já ladeando a capela-mor, vê-se um altar de N. S. da Conceição, de marmorite, muito bem feito: colunas róseas, mesa, degraus, tabernáculo simulado e um nicho, com colunas e frontão, onde fica a imagem.
À esquerda da capela-mor fica outro
altar com o mesmo esquema, onde é venerado o Coração de Jesus. Essas
continuações dos corredores, antes seccionados pelas capelas e sacristias
citadas, ligam-se à parte final da igreja, amplo salão que bem merece o nome de
consistório ou presbitério, onde funcionou por muito tempo a Secretaria da
Paróquia (Mais uma mudança do Pe. Genival Porto. Com a descaracterização
da casa que servia de residência para as Irmãs de Caridade, foi construída a
Secretaria Paroquial), por altas passagens
arqueadas, fechadas por grades de ferro. Nessa parte final, antiga sacristia,
nota-se, na parede contrária à respectiva porta para o exterior, uma
preciosidade: uma pia de mármore, com fonte decorada, que por muito tempo ficou
sem serventia (Deve ter sido importada de Portugal nos bons tempos em
que a cera de carnaúba valorizada permitia certas despesas).
Quanto à capela-mor, o forro é elevado,
como a nave principal, da qual é separada pelo arco-mor, sendo pouco menos
larga que aquela. Tem três arcos em cada lado, separados por partes da antiga
parede externa, de grande espessura, com grande revestimento de mármore até o
teto. Há uma barra ou rodapé, do mesmo material em todas as paredes internas do
templo (Faz parte da reforma feita pelo Pe. José Maria, na década de 80) destinado
à exposição do Santíssimo, com uma quatro pequenas colunas e um novo zimbório,
encimado por uma cruz, onde hoje se mostra uma imagem do Bom Jesus dos Navegantes.
O altar é elevado três degraus (no meio
da nave há uma pequena elevação do piso). O altar versum populus é de madeira, singelo. O tradicional é de marmorite,
de ótimo acabamento; recebeu ornatos de símbolos religiosos na base, pequenas colunas
róseas, espaço central para um grande e bem decorado Sacrário metálico, com a
representação do Espírito Santo destacando-se sobre seu zimbório. Mais acima,
no espaço
Após, em nicho oposto, à parede,
dourado, de grande pedestal, finas colunas e delgado frontão, fica o padroeiro:
São José, estátua de grande porte na postura tradicional (Esta imagem
foi adquirida no paroquiato do Padre e depois Monsenhor Vicente Martins da
Costa (1905-1935).
Externamente, a fachada é revestida de
pedras ornamentais (Antes da reforma feita pelo Padre José Maria de
Vasconcelos, a fachada frontal da Igreja Matriz era apenas rebocada e pintada
de branco), até todo o corpo das torres, que são
duas, no mesmo alinhamento do corpo da Igreja. Neste, as portas de entrada, uma
maior, com frontão e ornato central imitando um brasão de armas, e duas
menores; acima, duas janelas, a iluminar o coro. Depois, uma cornija de muitos
frisos, que se estende sob as torres e por todo o exterior, inclusive os fundos
da igreja; sobre a cornija um frontão triangular, simples, com uma cruz de
ferro no topo.
Nas torres vêem-se desenhos de portas –
não abertas, no térreo, janelas na altura das do coro – fechadas por combogós,
a cornija, relógio na torre da esquerda, e um óculo, aberturas arqueadas, com
sino e alto-falantes, na outra, e mais uma cornija, onde termina o revestimento
de pedra. Aí a construção quadrada reduz-se a um octaedro, prolongando-se por
um prisma regular, final, toda essa parte coberta por azulejos alvos, com as
arestas salientadas por estreitas molduras da mesma cor; existem, ainda, quatro
pináculos, aos pés dessa estrutura final, altos, torneados, também revestidos
de azulejos.
Os cunhais e molduras das portas e
janelas da frente são acentuados por faixas de cerâmicas amarela, mesma cor das
cornijas e ressaltos de alvenaria das aberturas nas outras fachadas.
Aos flancos da igreja, primeiro três
portas, coroadas por óculos, com belos vitrais; depois encontram-se pequenas
expansões – só um metro para fora, com três altas janelas, duas nas capelas
internas e outra nas sacristias. Então ocorre redução na largura geral do
templo – menos dois metros na largura da frente, e aí vêem-se duas janelas e
duas portas, a última dando entrada
para a antiga Secretaria (no lado oposto, direita de quem chega, não há porta).
Aos fundos existem três janelas, vendo-se vitrais sobre todas essas aberturas.
A Matriz de São José fica em local que antes ficava
claramente à vista do rio, isolada, com grande praça arborizada à frente. Ao
fim do amplo patamar ergue-se
um monumento, encimado por um cruzeiro, que se distingue por ter a imagem de
Jesus muito pequenina, em relação ao tamanho da cruz.
O monumento é cercado por mureta com
grades, de forma hexagonal, com ângulos ostentando anjinhos coloridos.
As torres são visíveis desde muito
longe, para quem chega a cidade e do patamar via-se a estrada de ferro, hoje
desativada, especialmente a ponte metálica importada da Filadélfia, EUA.
A
MATRIZ JÁ NO SÉCULO XXI
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ALTAR
DO BOM JESUS DOS PASSOS
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PADROEIRO
SÃO JOSÉ
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Imagens Diversas |
No ano de 2008, sob a liderança do Padre Luciano Sotero Teles e com a ajuda da comunidade cristã, a igreja Matriz de Granja passou por uma grande reforma, no qual foram feitos os seguintes serviços: restauração do teto que ameaçava desabar, pintura geral, externa e interna, reforma completa do sistema de iluminação e ventilação, reutilização da parte de traz da igreja como sacristia com armários novos e o funcionamento da belíssima pia de mármore, instalação definitiva do coral na parte superior frontal permitindo uma acústica perfeita. Tudo isso custou aos cofres da Paróquia a quantia de R$ 60.000,00.
Nave Central |
Altar Mor |
Nave Central |
Por:
GRANJA, MINHA TERRA NOSSA HISTÓRIA
ALEXANDRE FONTENELE BATISTA
1 comments:
Nesta Igreja fui batizado. Sou Sacerdote na Arquidiocese de SOROCABA SP abraço. PE. OCELO DOMINGOS PEREIRA FILHO.
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